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sexta-feira, 29 de maio de 2015

A bermuda performance



Este post é para descontrair .... qualquer semelhança com personagens do nosso dia a dia não é coincidência.

Ainda me lembro bem daquele treino, onde conheci a bermuda performance. Era o primeiro treino da noite do Clube da Corrida. Estava sentado me alongando quando apareceu meu amigo o Síndico com esta roupagem. Achei estranho aquela vestimenta. Não me contive, precisei perguntar:

- Ric, você está vindo de um treino de zumba ? não deu tempo para se trocar ?

Não obtive respostas, apenas risos. Depois de minha insistência ele me diz que aquilo era uma bermuda para melhorar tempo. Achei estranho. Mas como corredor faz de tudo para melhorar desempenho, fiquei atento a vestimenta e a performance do Ric. O cara realmente estava mais rápido. Penso, logo corro: tenho que ter uma desta.

Na primeira oportunidade de ida ao shopping corri para as lojas Marisa setor feminino, pois na minha mente somente um lugar daquele teria até então uma bermuda de zumba para vender. Ainda me lembro do espanto da vendedora quando falei que era para mim. Tentei persuadi-la na tentativa de me contar onde poderia ter aquela vestimenta. Mas não consegui respostas.

Em todo treino comentava com o Ric mas ele não dava endereço, sempre a mesma frase:
- Pô Luisão, você é foda! E caía na gargalhada.

Alguns sábados depois fui na fonte. Percorri algumas academias de zumba em busca do equipamento. Mas nada. Diziam que estava em falta. Enquanto isso Ric correndo cada vez mais. Percebi o equipamento em mais alguns corredores. Ric estava fazendo história. Mas de alguma maneira ele não contava onde obter a vestimenta. Achava que era perseguição.

Já havia desistido quando em um sábado, entrando na loja da Adidas do Galleria, encontrei a bermuda. Toda preta, discreta. Corri. Não em direção a ela mas sim a minha filha menor. Ainda não estava preparado para adquiri-la. Dei o dinheiro e ela comprou para mim. Fiquei esperando do lado de fora. Em um pacote bem escondido desci onde esposa e outra filha estavam experimentando sapatos. Mas discrição não é algo peculiar na família. Todos queriam saber o que eu comprei. Ao abrir a sacola, já ouvi da filha mais velha que ela preferia shorts, quando percebeu que não era para ela. Logo todos olharam para mim. Ainda lembro da expressão da esposa.

Não nos falamos durante o trajeto. Cheguei em casa e guardei. Bastava a secretária limpar o closet para no instante seguinte ver que a bermuda mudava para o lado da minha mulher.

Em uma tarde quando todos estavam fora, criei coragem para experimentar a bermuda. Na primeira tentativa, a mesma não passou pela região dos países baixos. Procurei por um manual de instalação. Visitei youtube mas nada. Se aquilo entra é porque algo precisa ser feito. Na segunda tentativa fui persuasivo. Puxei, levei para o lado esquerdo, direito, uma ajeitada aqui e acolá e pronto. Nunca a expressão ovos cozidos foi tão bem apropriado. O que era aquilo ? me considero um cara normal e mesmo assim tive dificuldades em encaixar tudo. Fiquei imaginando as chinesas que eram obrigadas a enfaixar os pés para não crescer. Aquilo era quase uma vasectomia.

Me lembrou inclusive um pijama que minha mulher me deu. Cansada do traje típico, camiseta de corrida velha mais shorts para dormir, ganhei de presente um pijama que aparentemente parecia seda. Todo feliz resolvi experimentar bem naqueles dias de janeiro onde o calor era insuportável. Deve ter dado uns dez minutos até sentir um calor aterrorizador nas partes baixas. Literalmente o peru assou. E não era Natal. Pensei comigo e alto:

- que porra é esta ? onde comprou este instrumento do inferno ?

Meu irmão, que calor. Aquele shorts foi utilizado na inquisição. A esta altura minha mulher ria que ria e eu já pelado buscando por água. Devia vir na instrução: utilizar somente no inverno.

Mas voltando para bermuda performance.

Vencido este estágio de acomodação, me preparei para os primeiros passos. Ainda vi que precisava ajeitar as coisas. Posicionar melhor, se é que me entendem. Demorou minutos ainda para poder me deslocar. Mas o que a gente não faz por paces melhores. Mais uma etapa vencida. Estava pronto para correr.

Uma vez experimentado ainda havia o problema de sair de casa com aquilo. Teve que ser em um treino matutino quando todos ainda estavam dormindo. Quando voltei enfrentei olhares de reprovação e aí não adianta argumentar que é para melhorar a performance. Hoje acho que existe um entendimento por parte da família embora nenhuma compreensão. Quero acreditar que seja por ciúmes, pela modelagem que a bermuda performance me proporciona.

Em relação ao tempo, ainda tenho dúvidas que me proporcione algo diferente além da sensação dos ovos cozidos. Talvez aí esteja a resposta. A necessidade de voltar para casa para tirar aquilo e dar liberdade e frescor é a razão de correr mais rápido.

A bermuda performance hoje faz parte dos meus trajes de corrida. Nem sempre uso, mas em corridas rápidas ou longas é uma alternativa pelo menos psicologicamente.


Hoje vejo que muitos utilizam a bermuda performance sem pudor. Podem dizer o que quiser mas tenho certeza que quem lançou a moda, aquele que trouxe da zumba para as corridas de rua foi o meu amigo Ric, o Sindico.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Treinos e mais treinos + Corrida Amil




Treinar, treinar, treinar - 2015

Prova alvo: Asics 21k São Paulo
Data: 2/08/2015
Meta: entre 2h e 2h:10

Após os 5k de dezembro, ainda fiz um treino natalino junto com alguns abnegados na Brigada. Foram 10k preparando-se para o Natal e ano novo. Depois não fiz mais nada considerado esportivo. Apenas prazeres mundanos como comer, beber e dormir. Passei o ano novo na Pousada do Rio Quente. Então soma-se a tríade, sol e água quente. Cansei de descansar. Fiz uma corrida leve debaixo de um sol forte na véspera do ano novo e só. Voltar para rotina e aguardar a planilha. Início de um novo ciclo. Periodização. Base. Por base entenda-se fortalecimento, resistência e subida da Caixa D´água do Taquaral, muitas vezes.



As duas primeiras semanas de treino foram desesperadoras. Peguei forte logo de cara e aumentei mais um dia na semana de treinos. O corpo sentiu. Comecei a sentir dores na axila direita. Não dei bola para as dores. Quando fui ver o estrago estava feito. Furunculose. No meu caso sete furúnculos. Causa provável: fraqueza + calor da época + corpo debilitado. Sem problemas, afinal existe antibiótico e por sorte uma boa enfermeira no trabalho que apertou estes meus amiguinhos por uma semana (de sair lágrimas dos olhos) e fazia bons curativos que não atrapalharam os treinos.

Três quartos dos meus treinos são feitos em esteira na academia. É chato. Muito chato. Principalmente rodagem e trote. Sou eu a e a TV. Acho que já assisti toda temporada do Friends entre outros. Às vezes algum canal passa algo aproveitável. Na hora do almoço não tem muitas opções. Terças e quartas é um horror. Como não tem jogo de futebol normalmente não tem gols ou lances interessantes nos canais esportivos. Salve os ipods. Para os longos, uma toalha sobre o visor ajuda também. Não aguento ficar vendo o tempo ou quilometragem não passar. Não tem nenhum outro louco treinando por perto e as esteiras ficam isoladas. Haja vontade. Mas ainda bem que tem os sábados. Troco qualquer quilometragem na academia por tiros na subida da Caixa d´água.

Treinar em um ambiente controlado faz com que você perca a sensação de esforço. Não consigo controlar minhas passadas dentro de um determinado pace ao ar livre. Sofro muito para manter ritmo. A pista interna da Lagoa não é plana o que dificulta um pouco mais a adaptação. Mas não tem outro jeito. Um dia que tiver uma prova para esteira estarei bem adaptado e farei um ótimo tempo. Quem sabe surge uma categoria esteira para a Asics 21k.

Como motivação encaixamos a corrida Meia Maratona Amil – 10k. A prova ideal seria a Tribuna de Santos (o grupo vai em peso para esta prova), mas por conta de compromissos agendamos esta. Criar marcos intermediário no treinamento é bom para estimular. Só treinar, cansa.

Entrei o ano com o sério propósito de entrar em algumas calças com tranquilidade. Moderei a alimentação dentro do possível e com mais um dia de treino no cardápio gramas foram perdidas. Mas exagerei. Após treinos de rodagem comia salada ou então sashimi. Me  alimentava mas esta combinação me deixou fraco e com a evolução dos treinos senti principalmente na recuperação. No dia seguinte tinha a sensação de cansaço e fraqueza. E a resposta veio na prova.


5ª Meia Maratona Amil
Campinas, 22 de abril de 2015




Resultado final: 10,4 km em 1:02:00 com pace de 5:58

A confiança ou a falta de confiança andam lado a lado na corrida.

Este relato é mais uma expiação para meu entendimento da prova mas com certeza ajudará você a se preparar e ficar atento na sua próxima corrida

Resumo segundos pós-prova
  • Decepção. Frustação. Fracasso.
  • Pensamento do dia: não fui feito para correr.

Resumo dias pós-prova
  • Que estratégia louca eu utilizei. Onde estava com a cabeça. Não foi tão ruim.

Demorou para absorver o resultado. Somente após uma semana que voltei ao normal e trabalhei para entender o que aconteceu. Fiquei muito mal com o resultado. O que deveria me dar prazer transformou num calvário. Vamos lá: café da manhã fraco, acelerar no começo, explodir nas descidas, desgaste mental. Acho que ainda dá para incluir mais coisas neste balaio.
Entendendo o que eu chamo de fracasso. Eu queria terminar a corrida com um pace de 5:50. Pela dificuldade do percurso ficaria contente.

Foram 43 atividades em 300 km percorridos iniciados em seis de janeiro e finalizados no dia da prova. Uma boa preparação. Na tentativa de compreender minha corrida, inicio com fatores que no meu entendimento contribuíram para o resultado:
1 - Como já comentei, o fato de treinar sempre em esteira atrapalha demais. Não é desculpa. Não tenho a sensação do esforço de subidas e descidas. Não controlo adequadamente o pace.
2 - A semana no trabalho foi conturbada, mas não colocaria como risco para a prova.
3 – Alimentação na semana foi adequada, porém no sábado não foi. Almoço fraco e jantar pizza.
4 – Acordei cedo e meu café da manhã foram duas torradas e um café (duas horas antes da prova). Cheguei a levar uma banana para comer antes, mas esqueci.
5 – Já previa dificuldade na subida da Moraes Salles e medo (lembrando que um colega faleceu após esta subida na corrida do ano passado).
6 – ¾ dos meus treinos são realizados na hora do almoço; nesta hora meu organismo está com energia na medida certa. De manhã o corpo não responde adequadamente.

(falta de) Estratégia da corrida ou como errar em nove passos.
1 – saí rápido; deveria ter iniciado mais leve e aquecendo pelo menos até o final da Francisco Glicério.
2 – desci muito rápido a Aquidabã ao lado do Bosque (pace entre 4:50 e 5:10).
3 – voltei a atacar as subidas em direção ao estádio da Ponte e depois na princesa D´Oeste.
4 – senti pontada na coxa direita mas foi passageira; com certeza devido a descida do bosque.
5 – fechei os primeiros 5k com pace de 5:40.
6 – ente os 5k e 8k o pace caiu em torno de 6:05; o Vichi e Marina passaram por mim perto do Guarani e tentei segui-los mas a perna já não funcionava; faltou energia, me senti fraco.
7 – bateu o desespero, medo .... quando iniciei a subida as pernas travaram ...Glenn e Marlucy ainda me incentivaram mas não teve jeito (neste momento passaram o primeiro e segundo lugar dos 21k lado a lado...impressionante)
8 – quando cheguei no plano, na rua Coronel Quirino, desisti da prova, mentalmente destruído trotei e andei até quilômetro 9.
9 – quando cheguei no 9k tirei forças e acelerei até o final ...neste trecho iniciei em 5:00 e finalizei em 5:30 .... resumindo ... eu tinha reservas (hoje entendo que o mental foi preponderante nesta prova).


Foi duro o pós prova. Para mim uma derrota. Ainda fiquei vendo os amigos chegarem mas a vontade foi de sumir dali. Depois de um tempo peguei a medalha e fui para nossa tenda. Não tive vontade de fotos e fui embora. Desconsolado. Assim foi o domingo inteiro. Sentei na TV e não fiz mais nada. O que era para ser um relaxamento mostrou-se uma frustração.

Mas nada como um dia após o outro. No dia seguinte no trabalho encontrei meu chefe e perguntei sobre a corrida dele no domingo em São Paulo. Ele também estava frustrado. Não conseguiu melhorar o tempo no 10k. Queria ter feito em 58 minutos e fez em uma hora. Pois é .. dois minutos. O que são dois minutos para te levar a alterar o estado emocional? Coisas de que somente quem corre entende. Demos muitas risadas com esta nossa estupidez, esta frustração momentânea. O fato é que somos competitivos por natureza e sempre queremos nos desafiar. É o caminho para crescer. Não dá para ficar no trotinho, temos que correr mais, temos que conseguir estes dois minutos.

Não corri a semana toda. Autopunição pelo meu resultado. Mas na outra semana já estava na academia correndo, me alimentando melhor pós-treino e me preparando para o próximo desafio.

Correr é um aprendizado. É um exercício de humildade. É um trabalho para o corpo e para a mente.


Curiosidade: no ano passado meu pace nesta corrida foi 6:30, cheguei 5 minutos depois e  fiquei contente. O que é expectativa ?

terça-feira, 28 de abril de 2015

Novos rumos + Corrida Circuito das Estações Caixa - Verão



Durante os meus treinos para Maratona de Revezamento montei minha base no Taquaral aos sábados junto a assessoria Gi+.  Vários amigos estavam lá e comecei a pensar se deveria voltar a treinar ou não com suporte de uma assessoria. Na ocasião decidi por treinar sozinho. Afinal ainda não sabia que rumo pensava em seguir. Correr por correr ou correr com objetivos específicos (tempo, distância).

No final de semana pós Maratona de Revezamento ocorreu a corrida da Integração em Campinas. Resolvi correr de pipoca. A ideia era ver se conseguiria correr os 10k e a partir daí decidir o futuro. No fundo queria sentir a sensação gostosa de uma largada movimentada, a arena com as tendas das assessorias armadas, rever amigos.

Fui despreocupado. A missão era sobreviver. Não lembro muito desta corrida. Sei que corri tranquilo, diminuindo nas subidas, segurando as descidas, como um legítimo panga. Não queria andar em nenhum ponto. E assim fui. Enfrentei a subida da Orosimbo para Barão de Itapura e dali até a Miami a passos curtos e contínuo com coração na boca. Descida para a Lagoa, descansando, e já pensando na subida do Portão 5 sabendo que depois só descida me separaria da linha de chegada. Por ser pipoca, não pude passar pelo pórtico e o jeito foi ficar trotando no gramado da arena (Arautos da Paz) até fechar os 10k (tempo de 1h06min no pace de 6:36). Foi difícil mas consegui. Pernas acabadas. Apesar de toda musculação, faltou resistência. Fui para barraca da Gi+ ver os amigos e bater papo. Ali decidi. Quero continuar correndo mas vou precisar de ajuda. Entrei no time laranja e verde.


No sábado seguinte trotei com Gisele (a Gi+ em pessoa) para falar sobre minhas expectativas. Na verdade com o trote já diminui meus objetivos. Só de imaginar ia ficando cansado.

Com cinquenta anos, casado, duas filhas, trabalhando em São Paulo, com possibilidade de treinar somente um dia ao ar livre e os demais dentro de uma academia, que gosta de jantares harmonizados com muito vinho e também de uma boa cerveja artesanal combinamos de encontrar um meio de me deixar pronto para alguns objetivos para 5k, 10k e 21k. Fui modesto e pedi para poder voltar a correr os 5k no pace de 5´, os 10k em 55´ e os 21k em 2 horas. É bem modesto. Acho que qualquer Papai Noel daria este presente para um corredor que tenha se comportado bem durante o ano. Claro que não existe milagre. Existe treino e mais treino. E esta parte seria totalmente da minha responsabilidade neste "contrato".

Para iniciar os trabalhos e criar um objetivo a curto prazo decidimos por uma corrida de 5k. Serviria como um teste para futuro planejamento. Como tinha compromissos na véspera da corrida do Seo Rosa, me inscrevi para o Circuito das Estações Verão no dia 21 de dezembro. Se arrependimento matasse. Não pela corrida, mas pela data.Todos se reunindo para celebrações de final de ano e eu declinando devido aos treinos.

Iniciei a planilha no dia 6 de outubro. Foram 34 atividades neste período (3 vezes por semana) totalizando 222 quilômetros. Atividades de força, resistência, velocidade. Trotes, rodagens, fartlek e subida da Caixa D´água.

Por volta de outubro, comecei a sentir fortes dores no pé esquerdo. Não sei se por causa da adaptação ao treino na esteira ou esforço, ou ainda um tênis não apropriado. Graças a internet, me auto diagnostiquei com problemas nos sesamoides. Dois ossinhos abaixo do dedão extremamente sensíveis. Cheguei a ir um dia no pronto socorro tal a dor. O médico falou que provavelmente eu estava certo. Achei incrível, mas o que esperar de um pronto socorro. Antiinflamatório e repouso. Não fiquei seguro com o diagnóstico (a internet tinha outra visão). Por via das dúvidas tomei o antiinflamatório. Ainda hoje a dor volta. Mas a prova estava marcada. Os sesamoides podiam esperar.


Corrida Circuito das Estações Caixa - Verão
São Paulo, Pacaembu, 21 de dezembro de 2014

Novamente corri com o grupo da Prodam. Desta vez a corrida era um pouco mais tarde podendo sair de Campinas por volta das seis da manhã. Como sempre, cheguei bem cedo e pude estacionar com tranquilidade. A corrida faz um dos percursos tradicionais de São Paulo, com largada e chegada no Pacaembu e utilizando parte do Minhocão. O trajeto dos 5k: saída em descida leve, com uma única subida mais pesada por volta do quilômetro dois, quinhentos metros leves com quinhentos em descida voltando para avenida Pacaembu para 2 quilômetros de subida leve, e contínua. O bom que pelo menos metade do caminho é arborizado o que protege bem do sol. Aliás o dia estava bem quente e com sol forte.

Antes da prova fiz um treino para esquentar. Fui para frente do estádio e trotei e dei tiros. Estava a mil. Voltei para tenda do grupo e fiz mais um aquecimento. Objetivo da prova: pace de 5:30. Ansiedade e nervosismo total. Estômago remexendo.

A largada é distribuída por pace e respeitada e somente para quem iria fazer os 5k. Para os 10k a largada é uma hora depois o que permite os corredores de 5k ainda arriscarem nos 10k (como pipoca). Pronto. Posicionado. Alarme soou. Agora é correr.

Corrida tranquila e controlada. Fiz o que eu planejei nos pontos onde já mencionei. Acelerar, segurar, controlar. Acabei bem e com reservas. Cansado, sim, muito cansado. Sentimento que poderia ter me soltado mais. Estava preparado. Mas o mais importante: objetivo alcançado. Durante os treinos por vezes me senti mal (talvez falta de energia) o que levava a uma sensação de náusea. Fiquei com medo de acelerar muito e faltar esta energia. Por isso fiz uma corrida segura.

Muita alegria ao final. Quando voltei para tenda e peguei o celular para tirar uma foto a treinadora já estava no whatsApp aflita querendo saber sobre a prova. Isto foi muito legal.

E os sesamoides ?  Eu não lembrei mais deles, mas eles estão lá. Com certeza.

Pronto para os desafios de 2015.

Resultado final: 5,24 km em 28:58 com pace de 5:32

Condição física: ainda acima do peso e com a preocupação das festas natalinas e de ano novo

quarta-feira, 15 de abril de 2015

22ª Maratona de Revezamento Pão de Açucar



22ª Maratona de Revezamento Pão de Açucar
São Paulo, 21 de setembro de 2014

Sem dúvida uma das maiores provas de revezamento do mundo. Mais de 30.000 atletas participantes com uma organização impecável. Por ser revezamento, é possível formar duplas, quartetos e octetos. Equipes amadoras e profissionais disputando o mesmo espaço. Imperdível.

Primeira prova com os colegas da Prodam (empresa de Tecnologia da Informação da cidade de São Paulo). Tivemos um encontro preparatório na sexta-feira antes da prova para nos conhecermos. Foram formados oito octetos na empresa. Quem já tinha feito a prova contou onde e como se posicionar na zona de troca, em qual baia cada um ficaria e principalmente para mim, novo na empresa, conhecer de quem e para quem deveria passar a pulseira de troca além de outras dicas. Para uma equipe como a nossa onde estimou-se 35 minutos para cada corredor, os primeiros iniciariam ás 7:30 e os últimos lá pelas 11 horas. Por isso cada um chegaria dentro de sua conveniência, no seu posto de troca. Não nos encontraríamos antes. É compreensível em se tratando de São Paulo mas perde aquele espírito de equipe. Seria mais uma corrida individual do que propriamente de time. Ou seja, cada um se vira nos seus trinta. Ainda imaginei que nos encontraríamos todos no final para bater papo, tirar fotos mas de novo, quem acabava já ia embora ficando para o último a missão de pegar as medalhas. Imaginando São Paulo, deslocamentos, quantidade de gente, me resignei, aceitei. O estranho é correr e voltar para casa sem medalha.


Bem, solitário na viagem, dormi cedo e às 3 da manhã já estava de pé. Café, vestir roupa, banheiro, conferir material e bora pra Sampa. Ainda muito escuro e um tempo carregado. Sinal de chuva.

No medo de não chegar a tempo, cheguei muito cedo. Por volta das cinco e trinta já estava com meu carro estacionado no estacionamento em frente a arena montada. Nesta hora caiu uma tromba d´água de lavar a alma. Sem condição de sair do carro. Me preparei dentro do mesmo.

Por volta das seis com a chuva já bem branda me dirigi a arena na tentativa de encontrar alguém. Ainda fiz uma horinha mas como não encontrei fui para meu posto de troca localizado a um quilômetro da largada. Novamente a chuva castigou. Outra tromba d´água junto com vento gelado. A primeira coisa que vem a mente é: o que é que eu estou fazendo aqui! Totalmente encharcado com o tênis fazendo glupt a cada passada. Por sorte ela foi rápida e já na largada o tempo ficou agradável. Correríamos sem chuva mas ensopados. Do meu posto de troca não foi possível ouvir a largada. Ficamos na expectativa de ver os primeiros corredores passarem por nós.

O interessante desta corrida é que você tem a oportunidade de ver correr ao seu lado grandes corredores. Por ser um circuito fechado sempre alguém passa por você. Eu fui o segundo do meu octeto. Dei sorte pois os pares neste circuito têm menos subidas. Enquanto aguardava minha passagem, pude ver Marilson e um queniano lado a lado voando pelo posto de troca. Ainda demorou muito para receber a pulseira e começar minha jornada. Ao receber iniciei forte pois era uma descida boa mas o medo de quebrar e não conhecer o trajeto me fez diminuir o ritmo. E assim fui tranquilo, olhando o Garmin, imaginando o percurso, curtindo a corrida e como falei vendo feras passar por mim. Me senti bem durante a corrida e quando percebi que cheguei próximo as zonas de troca, dentro do parque, comecei a acelerar. Consegui acelerar bem mas neste trecho é necessário cuidado pois muita gente se aglomera esperando pela troca. Quando finalizei meu trecho e o Garmin marcava um pace abaixo de seis, me senti realizado. Troca feita, tempo de comemorar. Dores nas pernas mas eufórico. O chato é não ter ninguém da equipe para conversar. Voltei para o local da arena e como não encontrei ninguém fui pra perto da linha de chegada onde as equipes mais rápidas estavam para finalizar a prova. Incrível foi ver o Frank Caldeira dar um tiro no final fechando para sua equipe. Parecia corrida de 100 metros raso. Comecei a bater papo com um corredor ao lado (ele correu dupla). Ele ia falando das equipes que cruzavam a chegada, parecia conhecer todos. Falou que demorou para passar a pulseira para o amigo pois não o encontrava nas baias de troca e isto deveria ter prejudicado a dupla. De repente ele avista o parceiro dele chegando. Eles foram terceiro lugar em duplas. O legal de corrida é isto. Sempre encontrei muita simplicidade, amizade, companheirismo e solidariedade. É um lugar mágico. Feliz por voltar.

Missão cumprida. Agora é pensar como voltar,  próxima etapa, como treinar, o que fazer para ter uma corrida confortável e aprazível.


Resultado final: 5,20 km em 30:35 com pace de 5:53

Condição física: pesado, calças ainda apertadas, gordura abdominal presente e saliente (embora a foto distorça a realidade)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

O que aconteceu desde abril de 2014



Voltando com o correria do Fili. Na verdade, sob pressão do amigo Rodrigo Vichi.

Neste último ano diminuí bastante o ritmo, portanto a atualização do blog vai ser rápida. Começo por este post contando o que aconteceu neste período e para os próximos posts a volta as corridas, a motivação, preparação e as provas.

Tentarei sempre que possível incluir posts sobre assuntos correlacionados e não somente sobre provas. Como falei desde o primeiro post: este blog conta minha experiência, serve mais como uma lembrança de fatos e feitos. É o relato de um cara comum que abraçou a corrida como um meio de movimentar o esqueleto e durante esta jornada foi conhecendo e se interessando pelo esporte. Boa leitura.

Meu último post foi em abril de 2014 comentando a Corrida Oba. Quanto tempo. Há um ano estava desempregado, apavorado, apreensivo. Correr só para aliviar tensão. O problema era conseguir concentração. Correr também significava gastar gasolina indo para o Taquaral. Luxo naquele momento. Para continuar ativo matriculei-me na academia do amigo Sérgio Cavalcanti em Barão Geraldo para exercitar a musculatura, distrair. Não consigo lembrar se cheguei a correr neste período. Lembro-me de ver tênis, shorts e camisetas mas não os estímulos necessários. Com certeza trotei, mas não tenho lembranças.

No feriado da Páscoa, fiz caminhadas de 5 km com Mônica. Neste período tive problemas com meu pé esquerdo. Até hoje não sei o que aconteceu mas o fato é que pelas manhãs não conseguia colocar o pé no chão. Ao passar do dia acho que tudo esquentava e já conseguia caminhar. Ainda antes da Páscoa fiz uma entrevista e o horizonte voltou a ficar claro e azul.

A agonia acabou logo após a Páscoa. Iniciava assim um novo período profissional. Desta vez me deslocaria para São Paulo. Com isto cancelei minha musculação e saí da assessoria Clube da Corrida.

Para esta nova fase foi necessário rever horários, prioridades, vontades. A partir de agora teria somente o final de semana. Não mais o período maravilhoso entre 18:00 e 20:00 durante a semana onde você controlava este horário. O ritmo passou a ser:
- despertar 5:20
- café da manhã 5:30
- sair de casa 6:00
- pegar o ônibus 6:20
- chegar em São Paulo 8:00
- sair de São Paulo 17:50
- chegar em Campinas 19:35
- chegar em casa 19:50

Com esta rotina tudo complicou. Mas na vida ou você se organiza ou deixa a vida/correria te levar. E esta correria pode te levar a consequências ruins para o organismo como um todo.

Se fizerem as contas comigo vocês chegarão a seguinte conclusão: 7 horas dormindo (corpo esticado), quase 4 horas sentado em um ônibus/carro (corpo semi-esticado), 8 horas trabalhando (sentado), 5 horas divididos em almoço, jantar, café da manhã + assistir televisão (sentado). Com sorte devo ficar em pé no máximo 2 horas, mas acredito que não passa de uma hora. Todo um organismo criado para trabalhar harmoniosamente sendo transformado em uma massa inerte. Atrofiamento de musculatura, do ósseo esquelético, cardiovascular. Esqueci de alguma coisa ?

A virada aconteceu ainda em julho. Fui para Ribeirão pintar o quarto da minha filha. No domingo, um dia de sol muito bonito, tomando café na padaria vi vários atletas chegando de duas corridas que aconteceram naquele dia. Lá fora mais pessoas praticando corrida. No facebook os amigos mostrando suas medalhas de alguma corrida que acontecia no mesmo dia. Aquilo me deixou desesperado. Precisava voltar.

A primeira providência foi entrar em uma academia dentro do Shopping West Plaza (trabalho na Francisco Matarazzo em frente a Arena Palmeiras o que facilita muito). Novamente exercitar o esqueleto. Mas ainda nada de corrida. Só fortalecimento.

Por sorte na empresa onde trabalho existe um programa de incentivo ao atleta muito bem organizado onde inscrições para as provas são bancadas no intuito de desenvolver qualidade de vida aos empregados. Foi a oportunidade que eu esperava.

A primeira prova que apareceu foi a Maratona de Revezamento Pão de Açucar. Seriam somente 5 km em uma equipe de oito corredores. Tinha que dar. A prova aconteceria no dia 21 de setembro o que daria quase dois meses de preparação. Montei meu planejamento. Voltei a correr em 23 de agosto depois de quatro meses inerte. Na preparação corri quatro vezes no Taquaral e quatro vezes na esteira quase sempre cinco quilômetros. Era o que eu tinha. Pronto ou não, vamos correr.

Que dificuldade foram os treinos. Na primeira vez consegui correr 2,3 km. Na segunda 3 km. E assim fui me arrastando nesta minha planilha solitária. Como é difícil recomeçar. Você sabe onde quer chegar mas o corpo não concorda. Determinação e vontade de não passar vergonha na corrida foi o estimulo.

Confesso que ainda pensei em mil desculpas para não ir a corrida no dia combinado, mas como fazia parte de uma equipe, teria que cumprir a minha quilometragem.

Estava de volta, capenga, panga, mas de volta.

A corrida, bem, esta fica para o próximo post.


Condição física:  81 kg, grande pneu, respiração ofegante, algumas calças apertadas.