04 de novembro de 2012
Circuito Athenas – Etapa III – 21k
Finalmente
chegou o dia esperado. A prova de 21k. Minha primeira meia maratona.
Já vou logo
dizendo logo que as coisas não terminaram como planejado ou pelo menos como eu
gostaria que fosse. Fiz os treinamentos necessários (vários longões) sempre na
companhia dos amigos do Clube da Corrida e senti que daria para terminar a
prova em até 2:15 e sem necessidade de caminhar. Como estreia esse seria meu
objetivo. Correr, ouvindo música, curtindo o percurso e sem o stress
competitivo.
Infelizmente
dez dias antes da prova senti uma fisgada no posterior da coxa o que considero
o fator de ter atrapalhado o meu objetivo. Significou um treino de velocidade,
um longão, um regenerativo a menos. Muito antiinfamatório e relaxante muscular.
Quando voltei na quarta antes da prova corri sem dor, mas com as pernas
pesadas. Foram 6k de treino onde senti o peso da semana parada, mas ainda assim
confiante para a prova.
Como já
publicado nos posts do Circuito Athenas a viagem para São Paulo é um show a
parte graças a descontração de todos. Apesar de ter que acordar muito cedo
(acredito que ninguém dormiu mais do que 4 horas) a expectativa e o bom humor
estavam presentes. Como a maioria dos kits foram entregues no dia anterior, a
confusão da entrega foi amenizada sendo possível relaxar pelo menos uns 30
minutos até a parada do Frango Assado com as luzes apagadas e incrivelmente sem barulho.
Após parada no Frango Assado, iniciamos a preparação final dentro do ônibus completando o lanche, colocando
número de peito, passando bloqueador solar e lembrando dos itens a serem
levados pela corrida. Parece simples mas é uma logística bem definida. Vale o
check list na noite anterior. Certo coach ??
Desta vez
chegamos cedo na arena o que deu tranquilidade (até demais) antes do início da
prova. Ao entrar já encontramos o pessoal que dormiu em São Paulo e o clicar da
máquinas fotográficas se iniciaram. Afinal não basta correr, tem que aparecer.
Após
alongamento e aquecimento fomos para largada. Cada um se posicionando dentro
dos objetivos planejados.
Liguei o som,
aguardei a largada (deu tempo ainda de tirar mais fotos) e pronto. Agora é você
contra você.

Como já
comentado nos posts do facebook, o trajeto onde você cruza com os mais rápidos
é bacana pois sempre aparece aquela palavra de força. Menciono como campeãs
imbatíveis neste quesito Pri Senatore e Andrea Conceição. Se elas economizassem
os gritos teriam fôlego para muitos km. Na foto ao lado com um pouco de esforço dá para ver uma camisa azul bem no início da foto. Sou eu enquanto ainda tinha um mundo atrás de mim.
Atravessar a
Ponte Estaiada foi muito legal. Apesar de cansativo é um diferencial. Esqueci
de falar do tempo. Impecável para uma corrida. Nublado com frescor o que ajudou
em muito os corredores. Se tivesse um sol o visual teria ficado melhor como na
corrida da Etapa 2 onde vi o sol nascer atrás da Ponte. Atravessei a Ponte
olhando a construção, no tipo do piso onde há variações de concreto e asfalto e
imaginando se aquela coisa não cairia com tanta gente pulando. Tudo para
distrair. Estas idas e vindas resultaram em 4 sobe e desce. Na segunda subida
comecei a sentir uma pressão na bexiga muito forte. Procurei qualquer lugar mas
só foi possível lá pelo quilômetro 13 no meio do canteiro da marginal. Na última subida
precisei caminhar. Minha estratégia na corrida era posicionar entre Andrea que
estava na frente e a Thiago e Caio que estavam atrás. Mas nesta subida a dupla me
passou. Após alívio intenso retornei para pista ansioso pelo retorno
posicionado pelo km 14. Neste ponto comecei a ficar muito cansado. E a cabeça começou a trabalhar contra.
A partir do
posto de hidratação do gatorade o martírio foi maior. Acho que o mesmo estava
no km 16 ou 15. Os postos de gatorade e de água estavam um de frente para o
outro. Isto significou água novamente somente a dois km do final da prova. Peguei
o gatorade e enquanto caminhava bebendo fui empurrado por um corredor de
Paulínia, Rodrigo, que no treino da quarta tinha se juntado ao Clube da Corrida.
Deu uma força muito grande e levantou o astral e imaginei que terminaríamos
juntos mas ele estava mais cansado do que eu e logo ficou para trás. Ainda
falei de terminarmos juntos mas ele estava pior que eu. Bom , além das dores a sede apertou
e deu desespero por água. Garganta muito seca. Sempre que passava por algum
organizador pedia água e sempre logo ali na frente. Água só dois
quilômetros finais que continuavam extremamente longo. Parece que o quilômetro reto é
mais longo.
Correndo e
caminhando no limite até começar a ver as placas de metragem finais. Que desesperador.
Estas placas mais me angustiam do que aliviam. Faltando 200m do nada apareceu o
Rodrigo Vichi que me deu a força necessária para finalizar a prova correndo ao
lado segurando meu boné e óculos e gritando. Foi alucinante. A emoção da superação (cansaço e dor) e decepção (não ter acontecido como planejado) transformaram-se em choro. É difícil explicar esta confusão de sentimento. Mas é uma coisa boa. Novamente
muito obrigado Rodrigo. Valeu demais.
Voltei para
arena para encontrar o nosso grupo para nos parabenizarmos, tirarmos mais
fotos, rir das dores e planejar as próximas corridas. Acho que formamos o maior grupo de corrida naquele dia. Não sei se isto foi registrado, mas aparecemos na foto do Patrocinador o que demonstra a força deste grupo.
Resumindo. Não foi o que
eu esperava. Ainda tenho comigo um pouco de decepção, mas com aprendizado e
bagagem necessária para próxima corrida. Quando cheguei em casa Mônica comentou
que era muito desgaste e perguntou se iria ficar só nos 10k. Resposta: claro
que não. Os 21k são desafiadores. Normalmente são corridas realizadas em
lugares diferenciados. Vou continuar nos 21k sim. Pelo menos duas ao ano com mais preparação e com o desafio de bater nas duas horas no final de 2013.
No dia
seguinte já não tinha dores, somente cansaço. Pronto para treinar novamente e
já pensar nos desafios do próximo ano. Na quarta apesar da chuva rodei 45 minutos ao lado do Thiago e Ligeirinho, Glenn e Renato mais na frente. Foi muito tranquilo. Além do físico, agora tenho certeza que o psicológico (a pressão que eu mesmo criei) foram os fatores para que o resultado não fosse melhor. Lição aprendida.
Resultado: 21k em 02:21:37 no ritmo de
6:40
Estava esperando seu post. rs
ResponderExcluirFili, primeiramente parabéns pelo feito, vc realmente foi um guerreiro, um corredor com alma. Acredito que só vc saiba 100% como se sentiu, o que aconteceu e o que isso vai ensinar, porque por mais que nós, também corredores, tenhamos passados por experiências similares, afinal, todos têm experiências boas e ruins nas corridas, essa experiência é única, só sua.
Mas acredito que isso tenha um componente fundamental para esse sofrimento, o apoio técnico.
Eu não seria eu se não dissesse isso, e confesso que me toquei com sua história nessa corrida, com seu sofrimento.
Dispensável dar tiros de 30 metros uma semana antes de um cara estrear numa meia maratona, era momento de polimento, de girar menos, com qualidade (para mim não foi culpa sua)
Outra coisa: vi muitas pessoas de equipes durante o caminho apoiando atletas, seja no apoio moral ou para fornecer um suplemento, fazer um pacing etc.
Em nenhum momento foi proposto de colocarmos marcadores de ritmo. Se me fosse proposto, eu toparia numa boa marcar ritmo para a galera, e isso é normal quando se tem tanta gente ao mesmo tempo estreando ou com pouca experiência na distância.
Esse era um momento de se ter mais gente apoiando tecnicamente.
Bem, parabéns de novo, e espero que no próximo post de meia maratona, estejamos aqui comentando que tudo deu certo.
Abração
Obs.: A maior equipe foi premiada no palco, a Run & Fun.
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