15 de julho de 2012
Largo do Rosário
Frio, muito
frio.
Acordar às 5
horas da manhã com um frio intenso em um domingo para participar de uma corrida
é para poucos.
A preparação
para corrida foi boa, sono ótimo mas em relação a comida... Digamos que comi tudo
que não se deveria comer antes de uma prova. Comida condimentada (excelente
almoço em Holambra experimentando culinária holandesa com toque indonesiano) e
depois uma lata de legítimo Marron Glace (doce de nozes) francês que ficou
excepcional com queijo de minas. À noite completei com meio abacate. Um
desastre. Incomodou toda corrida.
Cheguei cedo
na nossa tenda mas já havia por lá bravos companheiros se virando no frio. Muito
escuro ainda. A dúvida de todos era com quanta roupa correr. Vai esquentar não
vai, tira blusa, coloca blusa. Como sempre descontração total, muito papo e
expectativas.
Logo quando
iniciamos o aquecimento deu para sentir o frio na respiração congelando as vias
nasais e a garganta. Achei que seria um fracasso a corrida. Logo em seguida
tiramos nossa foto oficial e fomos para largada.
Pensei a
semana toda se deveria forçar ou correr para treinar visto que o maior objetivo
seria os 16k do Circuito Athenas no próximo domingo. Deixei a corrida me levar.
Na largada,
eu, João Augusto, Olair e Andrea nos posicionamos juntos e largamos
praticamente colados. Iniciei tranquilo no intuito de aquecer e sentir a prova.
Estava frio mas tranquilo. A adrenalina já começava a aquecer o corpo. De vez
em quando batia um vento forte e gelava a alma. Saindo da Francisco Glicério e
subindo a Aquidabã o visual foi digno de uma foto. O sol aparecia por trás do
Bosque e como estávamos na subida o mesmo atingia os primeiros corredores e
deixava um reflexo dourado para os de trás muito bonito. Aquela imagem que não
sai da cabeça.
Neste momento
decidi que tinha que correr. Fazer uma corrida para melhorar o tempo. Por ter
facilidade na descida soltei o corpo até o final do Bosque passando pela turma
que já estava um pouco adiantada. Em frente o Guarani já tinham me alcançado e
fomos juntos até o final da Princesa do Oeste. Se tivesse sozinho, com certeza
tiraria o pé para economizar neste trecho em subida e voltar a correr no
sentido oposto. Aí lembrei das minhas desculpas pós prova: se eu tivesse me
esforçado um pouco mais naquele trecho ... Desta vez seria diferente. Bom, no momento que eu vi que não faríamos o balão e cortaríamos o mesmo, já vi que o caminho ia ser menor ou então aumentariam o percurso na Norte-Sul.
Descemos
rápidos mas pelo quilômetro quatro ouvi um barulho e quando olhei para trás o
Olair estava no chão. Parei com João Augusto e mais um outro corredor para
checarmos o estrago. A preocupação no momento era saber se tinha batido a
cabeça. A ambulância estava por perto e os enfermeiros apareceram para ver.
Ficamos (acho que 1 minuto) até ver que o mesmo estava tranquilo e insistindo
para continuarmos com nossa corrida. Só arranhões. Retornamos a corrida e continuamos. Não
pensei em acelerar para ganhar ou recuperar tempo, apenas correr. Ainda diminuímos
os passos para beber gatorade e continuamos embalados.
Ao passar pelo Laurão deu para ver o Felipe solitário subindo a Moraes Sales. Também com o tênis laranja, não poderia ser outro.
Experiência
para Athenas: Ingerir um carboidrato. Esperei pela água (km 7) e ingeri um pouco. Não
deu outra. Mal estar. Não caiu bem, talvez reflexo do que já estava
acontecendo. Tomei mais água e esperei pelo pior. Forcei a subida do Hotel Vitória e corri rápido até chegar na
subida da Moraes Sales. Foi difícil. Subida adicionado de mal estar não é
fácil. Vontade para andar não faltou mas fui bem devagar e cheguei na Cel.
Quirino. Quase não tive forças para correr até a subida da Aquidabã. Faltava
pouco e acelerei o máximo para terminar o sofrimento. Desci rápido, entrei na
Francisco Glicério e comecei a acelerar. Neste momento iniciava no meu shuffle Bitter
Sweet Symphony do The Verve. Mas nem em
sonho poderia pensar em música tão perfeita para finalizar a corrida.
Encostei no
João e falei para corrermos. Ainda lembro dele falando: mas falta 1.100 metros! Aceleramos e cruzamos juntos vibrando pelo recorde pessoal quebrado ....
ou não.
Quando
olhamos os Garmin faltaram 700 metros para os 10k. No ano anterior faltaram 400
metros. Muito discutimos sobre o fato no facebook e inclusive em blog da
Revista Contra-Relógio foi apresentado o fato. A Noblu não apresentou nenhuma
informação convincente sobre o ocorrido tirando o brilho de uma prova que até
cruzar o final estava impecável. Da mesma maneira que ocorreu na T&F do
Iguatemi no ano passado seria muito bom se pronunciar à respeito dignamente.
No final das
contas (e precisou de contas para se chegar ao tempo dos 10k) fiquei na casa
dos 55 minutos o que me deixou bastante contente e comparando com a mesma prova
no ano passado (meus primeiros 10k) ganhei 6 minutos.
De volta pra
tenda do Clube da Corrida, muito papo, fotos, discussão sobre a quilometragem e
carinho de todos. Existe um companheirismo muito grande onde não existe eu sou
melhor, eu sou mais rápido. Todos torcem por todos. Isto é um diferencial, é o
estimulo para treinar, acelerar e ir mais longe.
Resultado: 9,38 km em 00:52:20 no ritmo de
5´:35.
Belíssimo relato, Luis!
ResponderExcluirGostei da menção ao tênis laranja! rs
Que bela trilha sonora para finalizar a prova!
Engraçado, essas coincidências acontecem direto comigo.
Na maratona de Santiago, a música tema do filme Rocky entrou nos últimos 500 metros, só vivendo para sentir.
Esse final de percurso da Amil é um dos mais legais que já corri.
Abraço