22 de fevereiro de 2012
Durante o domingo de carnaval, li o livro Era Uma Vez um Corredor de John L. Parker Jr.. De fácil leitura e com um ritmo muito bom, li as 246 páginas com tranquilidade bebendo caipirinha a beira da piscina. Nem parecia carnaval.
O autor foi corredor e este livro foi editado nos anos 60 por ele. Aproveitava as competições para vendê-lo aos atletas e curiosos. Virou objeto de desejo e seus exemplares passavam de mão em mão (chegou a ser cotado no E-bay por $300). Somente em 1978 este livro foi reeditado e virou um clássico no gênero.
Conta a estória de um corredor de 1 milha (1.609344 km) e seu treinamento e ansiedades para fazer a mesma abaixo dos 4 minutos. O período do tempo em que se passa o romance é anos 60.
A primeira vez que ouvi sobre 1 milha foi nos perfis olímpicos que passava na globo (agora não lembro o ano e de quais olimpíadas). E naquela época o inglês Sebastian Coe era a fera a ser batida. Lembro dele correndo os 800 e 1.500m. Hoje ele é membro do Comitê das Olimpíadas de Londres.
Todo livro é muito bom e agradável mas o último capítulo é de tirar o fôlego, pois retrata muito bem toda a sensação de uma corrida que mesmo nós amadores sentimos: angustia, medo, cansaço, dor, inquietação. Ao acabar o capítulo me senti exausto. Só colocando o tênis e sair correndo para tirar a ansiedade e relaxar. Um verdadeiro trote regenerativo.
Voltando para o livro, alguns trechos são interessantes e valem muito, mesmo para nós amadores. È importante ressaltar que as técnicas de treinamento eram precárias se considerarmos todos estudos hoje existentes:
- Quilômetros de Sacrifício: é como um atleta do romance chamava os quilômetros semanais percorridos. Não há mistério. Quer chegar lá .... tem que correr. Na enologia chamamos de litragem, na corrida quilometragem. As planilhas têm que ser preparadas e respeitadas de acordo com seu interesse e têm que ser seguidas. Vai ter sim sacrifícios, mas são necessários.
- Intervalados: o técnico pegava pesado nos intervalados. Muitas repetições com tempo estimado para criar força pelo menos uma vez na semana.
- Cross-country: os corredores americanos utilizavam-se muito desta modalidade para preparar a musculatura necessária (treinos de base) para a temporada de pista.
Porém, um dos trechos que me chamou a atenção e retrata bem todo o drama de um corredor é o relatado abaixo. Descreve bem o que é pular treinos de base, não variar pisos, não dar um tempo nos treinamentos e principalmente não fazer alongamentos:
“ .... acho que teria gostado de mais duas temporadas antes de pendurar os tênis. Tecido conjuntivo. Corra pisando fundo pelo asfalto durante muito tempo e vai acabar gastando alguma coisa para sempre. Podemos moldar nossos músculos, fortalecer a mente, preparar o espírito, transformar o coração numa turbina. Mas um pedaço de cartilagem arrebenta e pronto, viramos pedestre.”
Este livro tem uma continuação, mas somente em inglês. Já encomendei o meu.
Muito bom o seu post....dá até vontade de sair e comprar o livro!!
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