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sexta-feira, 29 de maio de 2015

A bermuda performance



Este post é para descontrair .... qualquer semelhança com personagens do nosso dia a dia não é coincidência.

Ainda me lembro bem daquele treino, onde conheci a bermuda performance. Era o primeiro treino da noite do Clube da Corrida. Estava sentado me alongando quando apareceu meu amigo o Síndico com esta roupagem. Achei estranho aquela vestimenta. Não me contive, precisei perguntar:

- Ric, você está vindo de um treino de zumba ? não deu tempo para se trocar ?

Não obtive respostas, apenas risos. Depois de minha insistência ele me diz que aquilo era uma bermuda para melhorar tempo. Achei estranho. Mas como corredor faz de tudo para melhorar desempenho, fiquei atento a vestimenta e a performance do Ric. O cara realmente estava mais rápido. Penso, logo corro: tenho que ter uma desta.

Na primeira oportunidade de ida ao shopping corri para as lojas Marisa setor feminino, pois na minha mente somente um lugar daquele teria até então uma bermuda de zumba para vender. Ainda me lembro do espanto da vendedora quando falei que era para mim. Tentei persuadi-la na tentativa de me contar onde poderia ter aquela vestimenta. Mas não consegui respostas.

Em todo treino comentava com o Ric mas ele não dava endereço, sempre a mesma frase:
- Pô Luisão, você é foda! E caía na gargalhada.

Alguns sábados depois fui na fonte. Percorri algumas academias de zumba em busca do equipamento. Mas nada. Diziam que estava em falta. Enquanto isso Ric correndo cada vez mais. Percebi o equipamento em mais alguns corredores. Ric estava fazendo história. Mas de alguma maneira ele não contava onde obter a vestimenta. Achava que era perseguição.

Já havia desistido quando em um sábado, entrando na loja da Adidas do Galleria, encontrei a bermuda. Toda preta, discreta. Corri. Não em direção a ela mas sim a minha filha menor. Ainda não estava preparado para adquiri-la. Dei o dinheiro e ela comprou para mim. Fiquei esperando do lado de fora. Em um pacote bem escondido desci onde esposa e outra filha estavam experimentando sapatos. Mas discrição não é algo peculiar na família. Todos queriam saber o que eu comprei. Ao abrir a sacola, já ouvi da filha mais velha que ela preferia shorts, quando percebeu que não era para ela. Logo todos olharam para mim. Ainda lembro da expressão da esposa.

Não nos falamos durante o trajeto. Cheguei em casa e guardei. Bastava a secretária limpar o closet para no instante seguinte ver que a bermuda mudava para o lado da minha mulher.

Em uma tarde quando todos estavam fora, criei coragem para experimentar a bermuda. Na primeira tentativa, a mesma não passou pela região dos países baixos. Procurei por um manual de instalação. Visitei youtube mas nada. Se aquilo entra é porque algo precisa ser feito. Na segunda tentativa fui persuasivo. Puxei, levei para o lado esquerdo, direito, uma ajeitada aqui e acolá e pronto. Nunca a expressão ovos cozidos foi tão bem apropriado. O que era aquilo ? me considero um cara normal e mesmo assim tive dificuldades em encaixar tudo. Fiquei imaginando as chinesas que eram obrigadas a enfaixar os pés para não crescer. Aquilo era quase uma vasectomia.

Me lembrou inclusive um pijama que minha mulher me deu. Cansada do traje típico, camiseta de corrida velha mais shorts para dormir, ganhei de presente um pijama que aparentemente parecia seda. Todo feliz resolvi experimentar bem naqueles dias de janeiro onde o calor era insuportável. Deve ter dado uns dez minutos até sentir um calor aterrorizador nas partes baixas. Literalmente o peru assou. E não era Natal. Pensei comigo e alto:

- que porra é esta ? onde comprou este instrumento do inferno ?

Meu irmão, que calor. Aquele shorts foi utilizado na inquisição. A esta altura minha mulher ria que ria e eu já pelado buscando por água. Devia vir na instrução: utilizar somente no inverno.

Mas voltando para bermuda performance.

Vencido este estágio de acomodação, me preparei para os primeiros passos. Ainda vi que precisava ajeitar as coisas. Posicionar melhor, se é que me entendem. Demorou minutos ainda para poder me deslocar. Mas o que a gente não faz por paces melhores. Mais uma etapa vencida. Estava pronto para correr.

Uma vez experimentado ainda havia o problema de sair de casa com aquilo. Teve que ser em um treino matutino quando todos ainda estavam dormindo. Quando voltei enfrentei olhares de reprovação e aí não adianta argumentar que é para melhorar a performance. Hoje acho que existe um entendimento por parte da família embora nenhuma compreensão. Quero acreditar que seja por ciúmes, pela modelagem que a bermuda performance me proporciona.

Em relação ao tempo, ainda tenho dúvidas que me proporcione algo diferente além da sensação dos ovos cozidos. Talvez aí esteja a resposta. A necessidade de voltar para casa para tirar aquilo e dar liberdade e frescor é a razão de correr mais rápido.

A bermuda performance hoje faz parte dos meus trajes de corrida. Nem sempre uso, mas em corridas rápidas ou longas é uma alternativa pelo menos psicologicamente.


Hoje vejo que muitos utilizam a bermuda performance sem pudor. Podem dizer o que quiser mas tenho certeza que quem lançou a moda, aquele que trouxe da zumba para as corridas de rua foi o meu amigo Ric, o Sindico.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Treinos e mais treinos + Corrida Amil




Treinar, treinar, treinar - 2015

Prova alvo: Asics 21k São Paulo
Data: 2/08/2015
Meta: entre 2h e 2h:10

Após os 5k de dezembro, ainda fiz um treino natalino junto com alguns abnegados na Brigada. Foram 10k preparando-se para o Natal e ano novo. Depois não fiz mais nada considerado esportivo. Apenas prazeres mundanos como comer, beber e dormir. Passei o ano novo na Pousada do Rio Quente. Então soma-se a tríade, sol e água quente. Cansei de descansar. Fiz uma corrida leve debaixo de um sol forte na véspera do ano novo e só. Voltar para rotina e aguardar a planilha. Início de um novo ciclo. Periodização. Base. Por base entenda-se fortalecimento, resistência e subida da Caixa D´água do Taquaral, muitas vezes.



As duas primeiras semanas de treino foram desesperadoras. Peguei forte logo de cara e aumentei mais um dia na semana de treinos. O corpo sentiu. Comecei a sentir dores na axila direita. Não dei bola para as dores. Quando fui ver o estrago estava feito. Furunculose. No meu caso sete furúnculos. Causa provável: fraqueza + calor da época + corpo debilitado. Sem problemas, afinal existe antibiótico e por sorte uma boa enfermeira no trabalho que apertou estes meus amiguinhos por uma semana (de sair lágrimas dos olhos) e fazia bons curativos que não atrapalharam os treinos.

Três quartos dos meus treinos são feitos em esteira na academia. É chato. Muito chato. Principalmente rodagem e trote. Sou eu a e a TV. Acho que já assisti toda temporada do Friends entre outros. Às vezes algum canal passa algo aproveitável. Na hora do almoço não tem muitas opções. Terças e quartas é um horror. Como não tem jogo de futebol normalmente não tem gols ou lances interessantes nos canais esportivos. Salve os ipods. Para os longos, uma toalha sobre o visor ajuda também. Não aguento ficar vendo o tempo ou quilometragem não passar. Não tem nenhum outro louco treinando por perto e as esteiras ficam isoladas. Haja vontade. Mas ainda bem que tem os sábados. Troco qualquer quilometragem na academia por tiros na subida da Caixa d´água.

Treinar em um ambiente controlado faz com que você perca a sensação de esforço. Não consigo controlar minhas passadas dentro de um determinado pace ao ar livre. Sofro muito para manter ritmo. A pista interna da Lagoa não é plana o que dificulta um pouco mais a adaptação. Mas não tem outro jeito. Um dia que tiver uma prova para esteira estarei bem adaptado e farei um ótimo tempo. Quem sabe surge uma categoria esteira para a Asics 21k.

Como motivação encaixamos a corrida Meia Maratona Amil – 10k. A prova ideal seria a Tribuna de Santos (o grupo vai em peso para esta prova), mas por conta de compromissos agendamos esta. Criar marcos intermediário no treinamento é bom para estimular. Só treinar, cansa.

Entrei o ano com o sério propósito de entrar em algumas calças com tranquilidade. Moderei a alimentação dentro do possível e com mais um dia de treino no cardápio gramas foram perdidas. Mas exagerei. Após treinos de rodagem comia salada ou então sashimi. Me  alimentava mas esta combinação me deixou fraco e com a evolução dos treinos senti principalmente na recuperação. No dia seguinte tinha a sensação de cansaço e fraqueza. E a resposta veio na prova.


5ª Meia Maratona Amil
Campinas, 22 de abril de 2015




Resultado final: 10,4 km em 1:02:00 com pace de 5:58

A confiança ou a falta de confiança andam lado a lado na corrida.

Este relato é mais uma expiação para meu entendimento da prova mas com certeza ajudará você a se preparar e ficar atento na sua próxima corrida

Resumo segundos pós-prova
  • Decepção. Frustação. Fracasso.
  • Pensamento do dia: não fui feito para correr.

Resumo dias pós-prova
  • Que estratégia louca eu utilizei. Onde estava com a cabeça. Não foi tão ruim.

Demorou para absorver o resultado. Somente após uma semana que voltei ao normal e trabalhei para entender o que aconteceu. Fiquei muito mal com o resultado. O que deveria me dar prazer transformou num calvário. Vamos lá: café da manhã fraco, acelerar no começo, explodir nas descidas, desgaste mental. Acho que ainda dá para incluir mais coisas neste balaio.
Entendendo o que eu chamo de fracasso. Eu queria terminar a corrida com um pace de 5:50. Pela dificuldade do percurso ficaria contente.

Foram 43 atividades em 300 km percorridos iniciados em seis de janeiro e finalizados no dia da prova. Uma boa preparação. Na tentativa de compreender minha corrida, inicio com fatores que no meu entendimento contribuíram para o resultado:
1 - Como já comentei, o fato de treinar sempre em esteira atrapalha demais. Não é desculpa. Não tenho a sensação do esforço de subidas e descidas. Não controlo adequadamente o pace.
2 - A semana no trabalho foi conturbada, mas não colocaria como risco para a prova.
3 – Alimentação na semana foi adequada, porém no sábado não foi. Almoço fraco e jantar pizza.
4 – Acordei cedo e meu café da manhã foram duas torradas e um café (duas horas antes da prova). Cheguei a levar uma banana para comer antes, mas esqueci.
5 – Já previa dificuldade na subida da Moraes Salles e medo (lembrando que um colega faleceu após esta subida na corrida do ano passado).
6 – ¾ dos meus treinos são realizados na hora do almoço; nesta hora meu organismo está com energia na medida certa. De manhã o corpo não responde adequadamente.

(falta de) Estratégia da corrida ou como errar em nove passos.
1 – saí rápido; deveria ter iniciado mais leve e aquecendo pelo menos até o final da Francisco Glicério.
2 – desci muito rápido a Aquidabã ao lado do Bosque (pace entre 4:50 e 5:10).
3 – voltei a atacar as subidas em direção ao estádio da Ponte e depois na princesa D´Oeste.
4 – senti pontada na coxa direita mas foi passageira; com certeza devido a descida do bosque.
5 – fechei os primeiros 5k com pace de 5:40.
6 – ente os 5k e 8k o pace caiu em torno de 6:05; o Vichi e Marina passaram por mim perto do Guarani e tentei segui-los mas a perna já não funcionava; faltou energia, me senti fraco.
7 – bateu o desespero, medo .... quando iniciei a subida as pernas travaram ...Glenn e Marlucy ainda me incentivaram mas não teve jeito (neste momento passaram o primeiro e segundo lugar dos 21k lado a lado...impressionante)
8 – quando cheguei no plano, na rua Coronel Quirino, desisti da prova, mentalmente destruído trotei e andei até quilômetro 9.
9 – quando cheguei no 9k tirei forças e acelerei até o final ...neste trecho iniciei em 5:00 e finalizei em 5:30 .... resumindo ... eu tinha reservas (hoje entendo que o mental foi preponderante nesta prova).


Foi duro o pós prova. Para mim uma derrota. Ainda fiquei vendo os amigos chegarem mas a vontade foi de sumir dali. Depois de um tempo peguei a medalha e fui para nossa tenda. Não tive vontade de fotos e fui embora. Desconsolado. Assim foi o domingo inteiro. Sentei na TV e não fiz mais nada. O que era para ser um relaxamento mostrou-se uma frustração.

Mas nada como um dia após o outro. No dia seguinte no trabalho encontrei meu chefe e perguntei sobre a corrida dele no domingo em São Paulo. Ele também estava frustrado. Não conseguiu melhorar o tempo no 10k. Queria ter feito em 58 minutos e fez em uma hora. Pois é .. dois minutos. O que são dois minutos para te levar a alterar o estado emocional? Coisas de que somente quem corre entende. Demos muitas risadas com esta nossa estupidez, esta frustração momentânea. O fato é que somos competitivos por natureza e sempre queremos nos desafiar. É o caminho para crescer. Não dá para ficar no trotinho, temos que correr mais, temos que conseguir estes dois minutos.

Não corri a semana toda. Autopunição pelo meu resultado. Mas na outra semana já estava na academia correndo, me alimentando melhor pós-treino e me preparando para o próximo desafio.

Correr é um aprendizado. É um exercício de humildade. É um trabalho para o corpo e para a mente.


Curiosidade: no ano passado meu pace nesta corrida foi 6:30, cheguei 5 minutos depois e  fiquei contente. O que é expectativa ?